quarta-feira, fevereiro 28, 2007

segunda-feira, fevereiro 26, 2007


Raul Seixas era um artista fantástico. Não tenho vergonha de dizer que conheci a maior parte das músicas dele nos últimos dois meses. E me apaixono cada vez que ouço algumas delas. Tem uma em especial que fala sobre a morte e é bem digna de alguma reflexão. É mais ou menos assim:


Canto para minha morte

Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

domingo, fevereiro 25, 2007

Dos amores impossíveis...


João um dia se apaixonou por sua cunhada. Era casado, tinha um filho, era escritor. Uma vez por semana, quando ia ao centro da cidade resolver assuntos na editora de seus livros, dava carona à irmã de sua esposa. Uma caridade que não lhe custava muito fazer.

Ela trabalhava em um escritório de advocacia. Tinha 26 anos, mas já era uma advogada bastante respeitada no meio criminalístico. Ele, já maduro, aos 32 anos, já tinha publicado seis romances e era um dos mais lidos do país.

A proximidade dos dois vinha de longe. Desde os tempos que namorava sua esposa, via sua cunhada como uma irmã. Uma irmã atraente, convenhamos. Com o tempo, a amizade e o carinho entre os dois cresceu em progressão aritmética. Devagar e sempre.

Quando os respectivos companheiros não estavam, gostavam de tomar chopp juntos, falar sobre o trabalho, sobre amores passados e mal passados. Não era difícil o rumo da conversa se encaminhar para alguma saliência.

Se bebiam, o carinho entre os dois aumentava. Abraços, afagos, carícias não eram difíceis. Algúem desprevinido poderia perfeitamente achar que eram jovens amantes. Mas eram amigos, apenas bons amigos.

Mas João começou a mudar. Quando esses momentos de carinho ocorriam, ele se aproveitava e tirava uma boa casquinha da cunhada. Uma vez, numa praia, em plena água, abraçou-a por trás e assim permaneceu por alguns instantes. Não conseguiu disfarçar as reações do seu corpo. Ela simplesmente fazia que não era com ela.

Esses momentos passaram a se repetir. Sempre que podia, João tentava algo. E sempre era bem sucedido. Acariciava-na no bumbum, nas pernas, abraçava-a, beijava-a com mais que ternura no rosto, no pescoço, na barriga. E ela, sempre impassível. Deixava acontecer.

Aquilo dava uma prazer fantástico a João. Mas a repetição o deixou doente. Fazia de tudo para estar com ela. E começou a pensar num ataque definitivo. Um ataque em que houvesse mais que conssentimento. Que houvesse retribuição. Queria tê-la por inteiro de qualquer jeito. Mas não sabia como. Afinal ela também era casada.

Ligou para um amigo, daqueles profissionais na arte de seduzir uma mulher. O amigo resumiu tudo a breves palavras depois de ouvir toda a história. Faça com que ela sinta o mesmo que você, disse. Mas como, perguntou. Ele então proferiu as palavras mágicas. Ela tem que saber o que você sente.

Foi determinado ao encontro da cunhada. Ela estava sozinha em casa, às 20h e sentada ao computador. Ofereceu uma cerveja, que se transformou em 8. A essa altura já conversavam no sofá. Pediu a ela para que deitasse sua cabeça em seu colo. Ela o fez. Fingindo que olhava a TV passou a mão por trás de sua nuca e começou uma carícia pra lá de sugestiva.

O carinho a agradava. Mas João foi ousado. Desceu as mãos pelo pescoço, colo, até que aproximou muito a mão daqueles seios rosados. Parou, respirou fundo e prosseguiu, tocando-a em uma área já considerada proibida para amigos. Abaixou a cabeça e susurrou ao ouvido dela. Eu quero você. Ela, num salto, pulou do sofá e o encarou com raiva. Pediu para que saísse. E pediu com veemência. João, cabisbaixo, rumou para casa.

No dia seguinte recebeu um telefonema. Era ela. Dizendo que não tinha entendido porque ele tinha feito aquilo, mas que estava disposta a não contar a ninguém. Desde que nunca mais se repetisse. E disse ainda que não confiava mais nele e que a amizade entre os dois havia acabado ali. João desligou o telefone sem entender. Não era possível que ela nunca tivesse percebido nada antes. Daquele em dia em diante, virou um homem amargo e triste. E nunca mais abraçou sua cunhada. Morreu aos 40 anos. Dizem que de desgosto. Ou de amor.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Google Agenda


Pra quem precisa dar uma geral na organização das tarefas do dia-a-dia, o Google tem um serviço maravilhoso, que é o Google Agenda. Como uma agenda comum, nele você organiza seus compromissos de forma muito rápida e simples. Talvez até mais rápido do que na agenda de papel. Mas o melhor é que você pode configurá-lo para mandar notificações dos seus compromissos direto para o celular. Tudo de graça. Até agora sei que funciona na Oi e desconfio que funcione na Tim. A Vivo, como sempre, não aderiu. Enfim, vale a pena ir lá e dar uma boa conferida.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

O aquecimento global


Em artigo ontem no Globo, Ali Kamel questionou o alarmismo dado pela imprensa mundial em torno do relatório da ONU sobre o aquecimento global. O principal argumento do jornalista foi a demasiada certeza dos cientistas a respeito do que vem pela frente e - pasmem! - dúvidas sobre o que realmente ocorreu no passado. Sugiro a todos que dêem uma procurada lá.

Pegando carona no rastro deixado por ele, vou um pouco mais além. Os cientistas dizem que a Terra teve sua temperatura média incrementada desde a era do gelo até os dias atuais em 5º Celsius. Pois então. No meu humilde julgamento, se a terra aqueceu tanto esses anos todos, mesmo sem nenhuma toneladinha de CO2 lançada na atmosfera, por que ela deixaria de aquecer agora? Ou até mesmo resfriar?

Nós somos cíclicos e pelo jeito, tudo que está no planeta e o próprio planeta também são. A Terra é relativamente jovem, mas está envelhecendo. Talvez hoje ela ainda seja uma moça no auge dos seus 30 anos. Mas os 40, 50, 60 chegarão um dia e inevitavelmente os efeitos vão aparecer, como já estão aparecendo.

O ritmo está sendo mais rápido? Pode ser, tenho pouca bagagem pra contestar isso. Mas continuo achando que o fenômeno faz parte do ciclo natural de vida do planeta. Talvez a jovem moça esteja fumando demais. Mas parar de fumar não vai impedir que ela morra um dia.

Então temos que continuar a poluir? Óbvio que não. Se queremos um pouco de qualidade de vida para os nossos filhos, netos e bisnetos, quiça os tataranetos - até hoje não sei se essa palavra existe - temos que dar um freio. Buscar alternativas que tornem essa nossa casa um lugar melhor de se viver. Mas sem alarmismos. Sem pânico. Afinal ainda aproveitamos um belo dia de sol como hoje numa praia qualquer.

domingo, fevereiro 11, 2007

No fim de semana pensei...


...que precisou uma morte atroz como a do menino João Hélio para a sociedade se conscientizar que é preciso dar um basta na violência
...que o carnaval está aí e ninguém está dando a mínima para isso
...que religião ou qualquer crença, sem educação familiar, não é nada
...que estão explorando em demasia o acontecido
...que não vou mais escrever sobre isso
...que sou capaz de dar toco numa mulher
...e entendi como José de Alencar conseguiu descrever Iracema com tanto romantismo
...sobre o drama de Capitu
...que é ótimo tomar banho de mar
...que burocracia e sexo são coisas que não combinam
...que às vezes não sei quem eu sou

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Não imprima

Aí vai um recado ecológico: não imprima, leia diretamente no monitor. É só uma questão de hábito. O clima do planeta agradece. Eu eu também.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Trabalho infantil


É clichê, mas é verdade. Uma imagem vale mais do que mil palavras, o que dirá uma meia dúzia delas. O post abaixo era pra ser apenas um resmungo do fato de eu ter voltado a trabalhar ontem. E acabou virando um protesto contra o trabalho infantil. Mesmo assim, valeu a sacação das leitoras. Não ao trabalho infantil!

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

O trabalho...


Quem foi que disse que o trabalho dignifica o homem?

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Sobre as férias

Olha aí, mais de 15 dias sem atualizar o blog. Isso é um recorde. É que estando de férias – nos ultíssimos dias – não dá pra ficar pensando em teorias mirabolantes, em histórias mentirosas, nem ficar contando muito do que ta rolando. Até porque não ta rolando nada mesmo.

As férias foram assim: não viajei. Nem uns dias em Saquarema eu fiquei. Acho que foi até bom. Não teria sido tão divertido por lá. Praia somente às sextas-feiras. Tirando hoje, todas as sextas-feiras eu fui à praia. Aliás, minto, na primeira não fui. Tava frio. E quase fui hoje, mas acabei recusando o convite de R. ou B., como preferirem.


Descobri que ser dono de casa não é muito legal. Fazer almoço, lavar a louça, botar a roupa na máquina – e depois na corda –, eventualmente passar um pano no chão e lavar o banheiro. Fora botar comida para o monstro, quer dizer, a Dayane. Cachorrinha que de “inha” não tem nada.

Outra constatação é que ficar no ócio absoluto é quase uma benção. Um nirvana. Um estado de espírito elevado, que poucos conseguem atingir. Como é bom não fazer nada, ou fazer o mínimo. Deveria haver um feriado em homenagem ao ócio. Já são tantos mesmo, um a mais, um a menos, não ia fazer diferença.

Comecei na natação somente no final do mês. Essa semana toda, estou acordando às 7h pra ir nadar, talvez já me preparando também para a volta ao trabalho. A natação é um negócio legal, com exceção de quando você fica sem fôlego no meio da piscina ou engole alguma água. Mas hoje a professora já disse que estou nadando melhor. Pra uma semana, estou bem. Isso sou eu que estou dizendo.

O futebol aos domingos engrenou. Num campo lá da Curicica – ôoooooo Curicica que saudades (isso foi uma piada interna) –, na verdade um rala coco, que pra quem não sabe é aquele campo assim meio terra meio grama, meio capim. Já no segundo jogo meti um gol e fui um leão de chácara na zaga. Mas torci o tornozelo (Leitoras, massagem!) e como no jargão do esporte bretão – ainda sou dúvida pra domingo agora.

Terminei de assistir a segunda temporada de 24 horas e pensei como o Rio de Janeiro precisa de um Jack Bauer. Um louco que passa por cima de qualquer burocracia pra conseguir o que quer e cuja expressão “direitos humanos” não faz o menor sentido quando se trata de criminosos. Aquilo é um McGyver bem menos mentiroso e muito do frio. Mas passional quando é a hora. Infelizmente é ficção.

Bem resumindo, minhas férias resultaram nisso. Tem muito mais coisa, mas a fome por um sanduíche com queijo minas derretidinho no meio da tarde não me deixa escrever mais nada. Ossos, ou melhor, filés do ofício ocioso.