domingo, fevereiro 25, 2007

Dos amores impossíveis...


João um dia se apaixonou por sua cunhada. Era casado, tinha um filho, era escritor. Uma vez por semana, quando ia ao centro da cidade resolver assuntos na editora de seus livros, dava carona à irmã de sua esposa. Uma caridade que não lhe custava muito fazer.

Ela trabalhava em um escritório de advocacia. Tinha 26 anos, mas já era uma advogada bastante respeitada no meio criminalístico. Ele, já maduro, aos 32 anos, já tinha publicado seis romances e era um dos mais lidos do país.

A proximidade dos dois vinha de longe. Desde os tempos que namorava sua esposa, via sua cunhada como uma irmã. Uma irmã atraente, convenhamos. Com o tempo, a amizade e o carinho entre os dois cresceu em progressão aritmética. Devagar e sempre.

Quando os respectivos companheiros não estavam, gostavam de tomar chopp juntos, falar sobre o trabalho, sobre amores passados e mal passados. Não era difícil o rumo da conversa se encaminhar para alguma saliência.

Se bebiam, o carinho entre os dois aumentava. Abraços, afagos, carícias não eram difíceis. Algúem desprevinido poderia perfeitamente achar que eram jovens amantes. Mas eram amigos, apenas bons amigos.

Mas João começou a mudar. Quando esses momentos de carinho ocorriam, ele se aproveitava e tirava uma boa casquinha da cunhada. Uma vez, numa praia, em plena água, abraçou-a por trás e assim permaneceu por alguns instantes. Não conseguiu disfarçar as reações do seu corpo. Ela simplesmente fazia que não era com ela.

Esses momentos passaram a se repetir. Sempre que podia, João tentava algo. E sempre era bem sucedido. Acariciava-na no bumbum, nas pernas, abraçava-a, beijava-a com mais que ternura no rosto, no pescoço, na barriga. E ela, sempre impassível. Deixava acontecer.

Aquilo dava uma prazer fantástico a João. Mas a repetição o deixou doente. Fazia de tudo para estar com ela. E começou a pensar num ataque definitivo. Um ataque em que houvesse mais que conssentimento. Que houvesse retribuição. Queria tê-la por inteiro de qualquer jeito. Mas não sabia como. Afinal ela também era casada.

Ligou para um amigo, daqueles profissionais na arte de seduzir uma mulher. O amigo resumiu tudo a breves palavras depois de ouvir toda a história. Faça com que ela sinta o mesmo que você, disse. Mas como, perguntou. Ele então proferiu as palavras mágicas. Ela tem que saber o que você sente.

Foi determinado ao encontro da cunhada. Ela estava sozinha em casa, às 20h e sentada ao computador. Ofereceu uma cerveja, que se transformou em 8. A essa altura já conversavam no sofá. Pediu a ela para que deitasse sua cabeça em seu colo. Ela o fez. Fingindo que olhava a TV passou a mão por trás de sua nuca e começou uma carícia pra lá de sugestiva.

O carinho a agradava. Mas João foi ousado. Desceu as mãos pelo pescoço, colo, até que aproximou muito a mão daqueles seios rosados. Parou, respirou fundo e prosseguiu, tocando-a em uma área já considerada proibida para amigos. Abaixou a cabeça e susurrou ao ouvido dela. Eu quero você. Ela, num salto, pulou do sofá e o encarou com raiva. Pediu para que saísse. E pediu com veemência. João, cabisbaixo, rumou para casa.

No dia seguinte recebeu um telefonema. Era ela. Dizendo que não tinha entendido porque ele tinha feito aquilo, mas que estava disposta a não contar a ninguém. Desde que nunca mais se repetisse. E disse ainda que não confiava mais nele e que a amizade entre os dois havia acabado ali. João desligou o telefone sem entender. Não era possível que ela nunca tivesse percebido nada antes. Daquele em dia em diante, virou um homem amargo e triste. E nunca mais abraçou sua cunhada. Morreu aos 40 anos. Dizem que de desgosto. Ou de amor.