terça-feira, janeiro 16, 2007

Estórias e histórias


cabaré
Originally uploaded by lucio_tamino.
Outro dia me perguntaram o porquê do nome “Cabaré 349” deste blog. A. se referiu ao nome como “esdrúxulo”, se não me engano. Eu disse que a história era bem simples mas que ia contar diretamente no blog. Quem sabe assim eu não ganhava mais uma leitora.

Pois bem. Cabaré todos sabem o que é. Para os que não sabem, vem do francês cabaret e é definido pelo dicionário como “casa de diversão noturna, onde se apresentam espetáculos de variedades e onde se bebe e se dança”. Sabemos que é um pouco mais do que isso, mas a explicação tem um propósito.

Quando eu tinha 12 anos fiz uma viagem à França com o meu pai. Ele foi a trabalho e só pôde me levar. Eu pagava metade no avião, apesar da idade, digamos assim, avançada. Seus colegas de trabalho – na época ele trabalhava em uma multinacional francesa – também estavam lá. E quem pôde levou também seu filho ou filha.

Depois dos passeios tradicionais de Paris, alguns amigos do meu pai resolveram parar pra beber ali no Quartier Latin – quarteirão latino, em português, o equivalente à Lapa daqui em termos de estabelecimentos – e lá pelas tantas resolveram nos levar a um cabaret. Eu fiquei um pouco receoso mais encarei.

Na porta, o letreiro mal funcionava, mas podia-se avistar o número do estabelecimento. 349. Aquele número não me saiu da cabeça não sei por que motivo. Entramos todos. O local parecia estar bem longe do alcance da lei, portanto não viram problemas em deixar os “rapazes” entrarem com seus filhos pequenos. Eu era o mais novo.

Chegando lá havia um show de dança com mulheres em nada parecidas com a imagem que fazíamos das moças de cabaret dos filmes. Eram putas mesmo. Só de calcinha e faziam alternadamente shows de dança no palco. Uma me chamou, eu fui, meu pai ficou todo orgulhoso.

Ela dançou de uma maneira que me deixou louco. Na pré-adolescência, quase literalmente explodi. Meu pai pagou uma delas – a mais linda – para me “iniciar”. E fui. Servi até de incentivo para os outros garotos e colegas do meu pai. Foi a minha primeira vez, inesquecível.

Assim que saí do cabaret, em êxtase, olhei de novo os números. E lá estava o “349”. Agora tinha certeza que não esqueceria mais. Um dia, resolvi fazer o blog e pus o nome.

Voltamos ao Brasil, contei a todos os meus amigos e óbvio, ninguém acreditou. Mas eu sabia, dentro de mim, que aquilo significava algo. Sempre usei esses números em tudo que fiz. Minha senha contém eles. Até número de telefone e do celular tem estes três dígitos. Como se fossem os números mágicos do Lost. E assim os levarei para o resto da vida. Aqui e em outros lugares.

Se você, leitora, chegou até aqui, é tudo lorota. Vê se dá pra acreditar em tanto absurdo junto. Estava só a fim de contar uma boa estória e divertir vocês. Um beijo.