terça-feira, maio 29, 2007

“A vida é muito boa para dividir com uma pessoa só”

“A vida é muito boa para dividir com uma pessoa só”. Foi essa a frase que li estupefato a algumas horas nos comentários de um post no blog de uma querida amiga. E o comentário foi feito por outra grande querida amiga. Tirando aí qualquer interpretação engraçadinha, a afirmação se referia a assumir um compromisso com alguém. Em poucas palavras “namorar sério”, “juntar” ou casar.

Não é a toda que uma parcela da sociedade – que considero conservadora em excesso – afirma que há toda uma campanha para desestruturar a instituição família. Trocando em miúdos, se você não se contenta em dividir a sua (será sua mesmo?) vida com uma pessoa só, constituir família é uma coisa que passa longe dos seus pensamentos.

Excessos à parte, eu sei muito bem como é bom ser livre, poder namorar quem se quer (simultaneamente), não ter compromisso com ninguém, chegar em casa a hora que der na telha, sair com os amigos pra beber, azarar, ser azarado (no bom sentido), terminar a noite comendo um podrão numa barraquinha da Lapa ou da Oliveira Belo. Vivi isso tudo e recomendo a todos viver assim durante um tempo.

Mas dessa mesma experiência, descobri que são nesses momentos que mais se sente solidão, por maior o número de pessoas que se esteja rodeado. Que um dia de frio e chuva causa os maiores estragos. Que se sente carência e essa carência o leva a fazer coisas que normalmente não faria. É a época em que a saúde mais se deteriora e que a auto estima oscila tanto quanto o clima de um dia de primavera.

Então, eu diria o contrário. “A vida é muito boa para você dividi-la com tanta gente”. Afinal, quanto mais fatiada é uma coisa, menos intensa ela se torna. E menos se tira dela. No final fica só o vazio de uma tarde fria de domingo. Por outro lado, poder dividi-la com alguém que se gosta muito, que se ama, é sem explicação. Só se esquece disso quem não está amando. Quem não tem alguém para sonhar com o futuro, para fazer planos, para ter filhos, ter efetivamente algo que se chama lar, família. É o que move este mundo.