quarta-feira, agosto 16, 2006

Caixinha de remédios

Engraçado ver como o tempo passa, cruel, impiedoso, para todos. Já escrevi algo sobre isso nas primeiras postagens desse blog, mas volto ao tema, agora voltado para os mais velhos.

Os efeitos do tempo vejo aqui em casa. Há dez anos eu tinha um pai que andava por tudo que era lugar, que exagerava em coisas que faziam mal à sua vida, mas não sentia ainda os efeitos disso, leia-se, fumava e bebia muito.

Hoje ele tem uma caixinhas só de remédios, dorme com um monstrão do lado que fornece oxigênio extra a seus fracos pulmões e precisa de ajuda para coisas simples como dirigir ou arrastar um sofá.

Minha mãe vive bem, mas é hipertensa. Nunca bebeu, nem nunca fumou. Mas foi acometida por um mal de família – perdeu a mãe num AVC – e sofre um pouquinho com isso

É, o tempo passou. Passou para ele, para ela, vai passar para mim. Ainda me sinto o mesmo dos 18 anos, talvez até com um pouco mais de energia do que naquela época. Mas sei que uma hora a energia vai se esvair, aos poucos, é claro, mas ela vai.

Por mais que a gente se cuide, não adianta, um dia nos bate a porta o entregador da velhice e somos obrigados a recebê-la, pagando por isso um preço enorme, e fazer bom uso dela. Mesmo assim, acho fundamental cuidar bem do corpo que Deus nos deu para viver todos os momentos da vida, sejam os bons, sejam os ruins. Não os exageros neuróticos dos internados nas academias de ginástica, mas sim pequenos cuidados no dia-a-dia que no futuro nos darão, salvo fatalidades, uns anos a mais ao lado dos que amamos.

Fico pensando no dia em que eu tiver a minha própria caixinha de remédios.