quarta-feira, outubro 04, 2006

Sobre dores de cabeça

A maioria das pessoas têm dor de cabeça porque querem. Não falo de cefaléia, mas de problemas. Dor de cabeça no sentido de “esquentar a cabeça”. São escolhas que fazemos para no futuro termos – o que é incerto – alguma compensação.

Vou tentar ser mais claro. Porque estudamos? Porque queremos ser “alguém na vida”, analisando de uma forma mais simplista. Depois de já sermos alguém na vida, porque resolvemos voltar a estudar? Para adquirir conhecimento e convertê-lo em benefícios financeiros futuros, salvo os casos em que estuda-se por prazer.

Enquanto alguns quebram a cuca para resolver problemas matemáticos complexos, casos judiciais complicados, outros não estão nem aí. Não querem se preocupar, vêem a novela como se aquilo fosse sua própria vida. Bebem uma cerveja no bar da esquina. Vão a igreja. E assim vão levando a vida, sem preocupações.

Quem é mais feliz? Os que se torturam para adquirir um pouco mais de conhecimento, ou os alienados produzidos pela nossa sociedade alienante? As pessoas mais simples têm problemas como todas as outras, mas costumam ser aparentemente mais felizes, com um pouquinho que têm.

Enquanto os outros – e aí me incluo nessa – estão sempre querendo mais. Querendo ganhar mais, em busca de um conforto financeiro, pessoal, profissional maior. E aí não param de arrumar problemas para suas próprias vidas. Sacrificam a vida em família, a vida social, a felicidade, em busca de mais, sempre mais justamente em busca dessa suposta felicidade, de ter uma família, de ter mais amigos. E quando alcança o mais que queriam, passam a buscar outros mais.

O problema é que costumeiramente nos esquecemos que a vida pode nos atropelar de uma hora para outra e tudo isso ter sido feito em vão. Achamos que temos controle sobre ela, mas na verdade não temos. O que tem que acontecer acontece.

Imagine, por exemplo, aquelas 155 pessoas do vôo 1907 da Gol. O que estariam estudando? Quais eram suas metas futuras? Como eram seus relacionamentos familiares? Tudo foi por água abaixo numa fração de segundo. A vida os atropelou e coube a eles a resignação

Por isso, se justifica o fortalecimento do lado espiritual, coisa da qual eu não entendo xongas. Mas a verdade é que, se é isso que fica, é disso que temos que cuidar, ou pelo menos dar um pouco mais de atenção. Se fortalecer espiritualmente é a única maneira de se eternizar e com isso poder alcançar metas futuras, nem que sejam em outras vidas, se é que elas existem.

Deixo aqui a reflexão para a leitora, sem a emissão de um juízo de opinião sobre o assunto, mas só mesmo como forma de expor sobre algo que venho refletindo a algum tempo. Como diria Stevie Wonder, “heaven help us all”.