quarta-feira, dezembro 13, 2006

Em busca de um sim

Às vezes sinto necessidade de falar sobre minhas fraquezas. Uma em especial me incomoda muito. A incapacidade de puxar assunto com um desconhecido, seja no ônibus, no metrô ou na fila do banco. E olha que tenho vontade. Outro dia mesmo eu estava no trem, do lado de uma menina. Ela puxou um papel de uma pasta e eu, curiosamente, li. Ela fazia jornalismo e estava com uma declaração de estágio nas mãos.

Era o mote. Eu podia ter puxado papo, afinal sou jornalista e ela uma estudante no início da faculdade. Teríamos coisas para conversar e os 50 minutos de trem até Realengo iam passar mais rápido. Mas nada. Eu não tive coragem de falar um “ah”. Um “oi, você faz jornalismo?”.

Eu não sou tímido. Não o tímido no sentido puro da palavra. As pessoas que tenho intimidade sabem que não sou. Às vezes consigo até me sobressair no meio delas, não que eu sinta vontade disso, mas acontece. Dependendo do ambiente, muitas vezes sou o mais extrovertido de todos.

Quando me pego me analisando sobre os motivos para tal fraqueza a única resposta que encontro é o medo da rejeição. Nunca gostei de tomar um não. Seja de flertes, seja um outro não de menor importância. Uma primeira negação basta para eu ir buscar um sim por aí. Outro dia alguém me disse “o não não dói”. Mas para mim acho que deve doer, tal o medo que tenho dele.

E buscando mais a fundo os motivos de tamanha bobeira, não tenho idéia de onde surgiu essa minha neura. O medo da Brigida – era esse o nome dela – olhar para mim e dizer “e daí que você é jornalista?” ou fazer uma cara de nojo qualquer. E olha que não era um flerte.

Me diga cara leitora, você conversaria comigo no trem?