Quando o lance era azaração, sempre – pelo menos até os 17 anos – fui o cara que perdia todas as oportunidades possíveis. Não cara leitora, nessa idade eu já tinha lá meus casos, minhas confusões, saía com uma aqui, deixava outra ali e a vida seguia. Mas sempre tive muita dificuldade, por exemplo, em perceber que alguém estava me “dando mole”, por mais que, analisados os fatos friamente, isso estivesse na cara.
Isso me remete a 1996, num janeiro que passei em São Pedro d’Aldeia na casa de um amigo. Eu tinha ido “na fita” de uma prima dele, ou seja, tava tudo certo para eu ficar com ela, embora tivéssemos nos visto pouquíssimas vezes em sua casa. Chegando lá, percebi que haveria mais gente, outras duas meninas – A. e B. para preservá-las.
A. não importa para essa história. Já B., era loira, tinha olhos verdes, corpo escultural, linda, absolutamente linda, simpática e com senso de humor, qualidade que eu admiro deveras nas mulheres. Ainda me lembro no dia que ela chegou na casa, eu estava fingindo que estava dormindo na sala e ela ficou olhando assim por algum tempo para o meu juvenil corpo sem camisa. Eu ali nos meus 17 anos, pensei “sem chances para mim”. Passou.
À noite, saímos todos pelas ruas de São Pedro. Fomos dar uma volta pela cidade, afinal era só férias, não havia nada demais acontecendo. Se é que acontecia algo de bom por lá em alguma época. B. não saía de perto de mim, era super agradável, ria contava piada e o otário não percebia o que ela queria. Não rolou nada nesse dias, estávamos nos conhecendo. Na verdade eu não conhecia as manha femininas, que hoje sei muito bem como são.
Eu estava super afim, esquecendo da possibilidade que a prima do meu amigo ia chegar no dia seguinte e estava meio que certo que ficaríamos. Ela chegou, eu fiquei na minha “vou ver qual é da B. primeiro”, analisei. No sofá, vendo TV, não me lembro qual o assunto surgiu, que B. fez questão de dizer na minha frente que tinha namorado e ficou falando bem do cara, que tava com saudades e bla bla bla. Eu entendi aquilo como um fora. E fiquei com raiva. ”Num dia me instiga, no outro fala em namorado”, pensei.
Saímos todos nessa segunda noite. Achando que não teria mesmo mais chances com a loira escultural, parti para a prima do meu amigo. Fiquei com ela aquele dia e todos os outros dias praticamente. Quando eu e T. voltávamos de um cantinho escuro lá do centro da cidade, achei B. de porre perto do carro vomitando muito. Não associei uma coisa a outra.
No dia seguinte vieram me falar que a causa do porre era eu. Fiquei transtornado. Eu queria aquela loira, linda, gostosa, maravilhosa e fiquei com a mais ou menos. Merda. Fui recuperar o tempo perdido, mas era tarde. As pessoas da casa já tinham me associado com T., aquele papo de tá namorando, tá namorando. Enfim, oficialmente fiquei com T., mas a noite quando ela dormia, eu ia para cama de B. “colocá-la para dormir” e passar minutos mágicos ao seu lado. São horas que ficaram e ficarão para sempre na minha lembrança. Mas era f...porque tudo tinha que ser escondido então não consegui aproveitar tudo aquilo na plenitude que tinha que ser.
Acabaram as férias, eu e T. não mais ficamos. E não vi mais B. naquele ano. Só no ano seguinte pude recuperar mesmo o tempo perdido, quando fiquei com B. pra valer, sem precisar me esconder. Mas já tinha perdido a graça para mim. Já a havia conquistado. É a conquista que sempre me fascinou. Talvez por isso mesmo eu perdi algumas oportunidades no caminho. Mas sempre há tempo de recuperá-las.
segunda-feira, dezembro 04, 2006
Oportunidades e conquistas
Postado por Beto às 1:47 PM
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