quarta-feira, junho 21, 2006

Lei para quê? - Transporte Ilegal

Linhas de ônibus dividem espaço com transporte ilegal na Penha, subúrbio da cidade


Com um dia de atraso, inicio hoje a série "Lei para quê?", e como havia prometido, o assunto de estréia é o transporte ilegal. No Rio de Janeiro - e acredito em outras grandes metrópoles também - vivemos um verdadeiro caos urbano. Linhas de ônibus diariamente disputam espaço - e perdem - com as Kombis. A frouxidão do Estado em se fazer cumprir a lei e a falta de planejamento para o setor de transporte carioca fez com que alcançássemos uma frota de vans e kombis de 40 mil veículos, sendo 32 mil deles ilegais.

Esses veículos, além de não oferecerem segurança alguma aos passageiros, fazem o trajeto que bem entendem e chegam a colocar o número da linha de ônibus correspondente ao seu trajeto nos pára-brisas. Além disso, usam sistemas de som com níveis de decibéis muito acima dos permitidos, como forma de atrair a clientela. O que me deixa mais estupefato é que não há repressão e, se há, dura um, dois dias e lá estão elas de novo de volta às ruas.

As empresas de ônibus no entanto têm parcela de culpa nesse problema. Ao oferecerem pouco conforto aos passageiros e intervalos totalmente irregulares e imprevisíveis, fizeram com que parte da população migrasse para o transporte ilegal, que muitas vezes opera em horários alternativos, sobretudo após a meia noite. O resultado foi uma perda de mercado de 25%, contabilizada pela Rio ônibus, associação que reúne os empresários do setor.

Por outro lado, a falta de planejamento por parte do Estado – e quando digo Estado estou incluindo as três esferas de poder – faz com que tenhamos linhas sobrepostas umas às outras, linhas ineficientes e integrações estapafúrdias com o Metrô e o trem, que em alguns casos têm pouca utilidade.

Retomo o ponto em que falta pulso ao Estado. Por razões eleitorais, o poder faz vista grossa para esses casos e enquanto isso a população sofre com um transporte burro, desorganizado, inseguro e ilegal. Tem lei para quê?