segunda-feira, junho 12, 2006

Outro devaneio


De novo eu entro no meio velho devaneio. Dessa vez, sem premeditação, sem nenhum plano, só o acaso e uma oportunidade à espera. As flores são azuis, acredito, num jardim branco e bem pequeno. Um leve toque e tudo recomeça. A pulsação forte do meu ser me compele a impor minha presença física. Mais um segundo de consentimento, mesclado com uma repulsa que quer ser consentimento. De novo o consentimento. Tudo verde à minha volta, olho o olho mágico, giro a maçaneta tentando fingir que eu não estou ali. Mas estou de corpo e alma, não sei se mais corpo ou mais alma. Às vezes até duvido que ambos estavam lá. Um movimento me engana, ilude, e eu iludido encosto a cabeça na parede toda verde em sinal de cansaço. O coração bate forte e as pernas tremem de medo. Me sinto vigiado. Já está chegando, já está chegando. Dou as costas e me livro do tormento bom que me invade sempre nessas ocasiões. Volto a ser quem eu era numa fração de segundo. Ainda olho para trás pra ver se me vejo lá, no lugar onde eu queria estar. Mas só o que vejo são os trilhos de uma vida que segue em frente, sempre.