quinta-feira, junho 01, 2006

Tempos difíceis


O Cabaré hoje está vazio. As putas não vieram. Alguns bêbados ainda resistem ao som de "Não me deixe só". A cerveja tá quente, as atendentes com uma puta má vontade. O segurança na porta já desistiu de olhar os nomes da lista. O som não tá legal. O DJ é particularmente ruim. O piso está sujo, o cabaré tá fedido. A máquina de cartão de crédito não funciona. Quando vai voltar o tempo das putas abundantes, do cassino, dos jornalistas que se aventuravam por aqui em busca de uma satisfação que não existe? As luzes do Cabaré já não se acendem. O ambiente não tem mais o brilho de outrora. Mesmo assim, o Cabaré insiste em ficar aberto. Em tomar prejuízo atrás de prejuízo. Em buscar aquele tempo que se foi e não volta mais. Em busca da energia da sua juventude, que se perdeu, ou se transformou. Outros cabarés a volta se fecham diante das dificuldades. O 349 não. Insiste que será o último dos moicanos. Mostra sua força inexistente. Dá suspiros de um moribundo que reluta em viver. Hoje o Cabaré está vazio, amanhã não mais.